Será que o objetivo por trás das conquistas islâmicas era o amor à riqueza, ao luxo e à exploração da riqueza das nações?

Quem não conhece os ensinamentos do Islam, os seus altos princípios e objetivos básicos, pode vir à sua mente esse pensamento e ficar convencido dessa percepção baseada na pura aparência material. Dizemos que o Profeta Mohammad ( s) no início de sua missão seu povo ofereceu-lhe todo tipo de ofertas e tentações cuja realização é considerada, de acordo com o costume humano, a obtenção dos maiores prazeres terrenos e humanos. Prometeram-lhe satisfazer todos os desejos e alcançar todos os seus pedidos; se quisesse a liderança, nomeariam-no seu líder, se quisesse casar, o casariam com as mulheres mais belas. Se quisesse dinheiro, lhe dariam, com a condição que deixasse a convocação que, na opinião deles, desvalorizava os seus deuses e reduzia o seu status social. Disse-lhes com convicção que brotou da inspiração Divina: “Não abandono a convocação para o Islam até que me tragam uma prova convincente de que conseguem me acender uma chama (do sol).” (Assilssilatis Sahiha, 1/194)

Se ele procurasse a fama e a ambição mundana e os objetivos humanos – longe disso – teria aceitado a oferta e aproveitado a oportunidade, porque o que lhe foi oferecido é a mais alta aspiração de cada ser humano. Quando Deus o fez prevalecer, suas cartas aos reis e príncipes das regiões em torno dele, foram uma convocação para o Islam e a permanencia deles em seus postos bem como os seus domínios; a sua carta ( d) para Heráclito o Governador Romano, dizia: "Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. De Mohammad, o Mensageiro de Deus, a Heráclito o Governador Romano, a paz esteja com aqueles que seguem a orientação. Eu o convido com a convocação do Islam; Torna-se muçulmano que será salvo. Torna-se muçulmano que Deus o recompensará em dobro, se negar, irá arcar com o pecado dos seguidores de Arius. E “Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorarmos senão a Allah, a não Lhe atribuirmos parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Allah. Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos muçulmanos.” (Alcorão Sagrado, 3:64)

Anas Ibn Málik (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que, no Islam, sempre que uma pessoa pedia algo para o Profeta ( s), ele lhe dava. Numa ocasião, um homem foi ter com o Profeta ( s), e ele lhe deu um rebanho de ovelhas, o bastante para encher um vale. Quando o homem voltou para o seu povo, satisfeito com a generosidade do Profeta ( s) disse a eles: “Ó povo meu, aceitem o Islam, porque Mohammad concede de tal forma que não demonstra temer a pobreza!”. Mesmo quando um indivíduo aceitava o Islam, simplesmente com o fito de ganhos terrenos, o Islam se tornava mais caro para ele do que o mundo com tudo que nele há. (Compilado por Musslim)

Um dia, seu companheiro, Ômar foi visitá-lo e olhou no aposento em que ele estava e só viu uma esteira de palha sobre a qual o Mensageiro tinha se deitado e que marcava a pele de seu corpo. Tudo que havia na casa era uma medida de cevada em uma tigela pendurada. Era tudo que o Mensageiro de Deus possuía, no dia em que todos os árabes haviam-se submetido a ele. Quando Ômar viu aquilo, não pode conter as lágrimas nos olhos. O Mensageiro de Deus ( y) perguntou-lhe: “O que faz você chorar, ó Ômar?” Ele disse: “Porque não haveria de chorar quando César e Cosroé desfrutam deste mundo e auferem de sua graça, e o Mensageiro de Deus ( y) só possui o que vejo.” Disse-lhe o Profeta Mohammad ( s): "Você não estaria satisfeito que eles tenham este mundo e nós termos a Outra Vida?!" (Bukhari e Musslim)

Em seguida, vamos ver o que o Mensageiro de Deus ( y) deixou dos prazeres deste mundo após a morte. Amr ibn al-Háris, (que Deus esteja satisfeito com ele) disse: “O Mensageiro de ( y) quando morreu, não deixou nenhum Dirham ou Dinar (moedas de ouro e de prata), nenhum escravo, ou escrava, nem qualquer coisa, além de sua mula branca, sua arma e um pedaço de terra que ele deixou como caridade." (Compilado pelo Bukhari)

Foi relatado que quando o Profeta ( s) faleceu, sua armadura estava penhorada com um judeu por trinta medidas de aveia. (Bukhari, Musslim e Nassá-i)

Onde está o amor ao mundo e o amor à riqueza?

  • Ômar ibn al-Khattab (que Deus esteja satisfeito com ele) o segundo califa do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) cujas conquistas islâmicas sob o seu governo alcançaram uma expansão inigualável, ao sentir o estômago borbulhando de fome, disse a sua famosa frase: “Fique borbulhando ou não, por Deus que não ficará satisfeito enquanto os estômagos dos muçulmanos não ficarem satisfeitos!’ (Mencionado na História de Ômar, de Ibn Al Juzi)
  • Durante a luta na batalha de Úhud, o Profeta ( s) disse: “Agora, ponde-vos de pé (para entrardes no) Paraíso, cuja extensão cobre o céu e a terra.”
    Sobre isso, perguntou Umair Ibn al Humam al Ansari (que Deus esteja satisfeito com ele): “Ó Mensageiro de Deus, é o espaço do Paraíso tão amplo quanto os céus e a terra?”
    O Profeta ( s) respondeu: “Sim, tão amplo é!”
    Ao ouvir aquilo, Umair exclamou: “Excelente!”
    O Profeta ( s) perguntou: “Que o levou a dizer isso?”
    Respondeu: “Ó Mensageiro de Deus, simplesmente soltei essa expressão para exprimir o meu desejo de ser também morador do Paraíso!”
    O Profeta ( s) disse: “Você é um dos moradores do Paraíso!”
    Ao ouvir aquilo, Umair pegou umas tâmaras da sua sacola, pôs-se a comer, e disse: “Se eu sobrevivesse até que terminasse (de comer) estas tâmaras, seria demasiado tarde!” E, pronunciadas aquelas palavras, jogou fora as tâmaras restantes, e batalhou contra os idólatras, até que foi morto. (Compilado por Musslim)
  • As primeiras conquistas que os muçulmanos participaram eram suficientes para conceder-lhes uma vida prazerosa e para seus descendentes, mas eles não pararam neste limite porque o motivo por trás dessas conquistas era a convocação para a religião de Deus e sua comunicação a todos os seres humanos e não para aproveitar a riqueza e os recursos do país conquistado, que demonstra uma clara indicação que o objetivo destas conquistas e incursões não era de ambições materiais. Eles ofereciam aos povos pelos quais passavam o “Islam”. Se se convertiam ao Islam tinham os mesmos direitos e deveres dos muçulmanos. E se não se convertiam pagavam o tributo, que era quantia irrisória de dinheiro a troco de proteção fornecida pelo Estado islâmico a eles e de desfrutar dos serviços gerais dos muçulmanos. E eles nada tinham mais de pagar, sabendo-se que os muçulmanos tin ham o dever de pagar o Zakat anualmente, uma quantia que é muitas vezes superior ao que os nãomuçulmanos pagavam. Se se negarem, a guerra para transmitir a religião de Deus, pois pode haver lá quem se conhecesse o Islam e conhecesse seus objetivos supremos acreditaria nele. Por isso é necessário combater quem desafia a transmissão desta religião para o povo.
  • Um dos maiores comandantes das conquistas islâmicas Khalid Ibn Al Walid (que Allah esteja satisfeito com ele) que não foi derrotado em nenhuma batalha travada tanto antes do Islam ou depois de se tornar muçulmano, morreu, e não tinha nada dos prazeres deste mundo, além de um cavalo, a espada e um servo. Onde está o amor aos desejos mundanos e amor à riqueza?
  • O que também demonstra que os objetivos dos primeiros mujahidin era divulgação de sua religião é o narrado por Chaddad Ibn Hádi (que Allah esteja satisfeito com ele): “Um beduíno foi ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) e acreditou nele e, em seguida, disse: “Vou segui-lo.”
    O Profeta recomendou-o a alguns de seus companheiros. Houve algumas expedições, e os muçulmanos conseguiram alguns espólios, que foi dividido entre os companheiros e a ele coube uma parte. O beduíno perguntou: “Que é isto?”
    O Profeta ( s) disse: "A sua parte."
    O beduíno disse: “Não foi por isso que lhe dei meu voto de confiança, mas para ser atingido aqui – e apontou para a garganta – com uma seta, morro e entro no Paraíso.”
    O Profeta ( s) disse: "Se você for sincero, Deus será sincero consigo.”
    Eles descançaram um pouco e em seguida, levantaram-se para lutar contra o inimigo. Logo, ele foi levado carregado para o Profeta ( s) sendo atingido por uma seta no lugar que ele pediu. O Mensageiro de Deus ( y) perguntou: "É ele?"
    Disseram-lhe: “Sim”.
    Disse: "Ele foi sincero com Deus e Deus foi com ele". Em seguida foi o Profeta amortalhaou-o com o seu manto, orou por ele dizendo em sua oração: "Ó Deus, este servo saiu como combatente pela Sua causa, e caiu mártir, e eu sou testemunha disso." (Compilado pelo Nassá-i, no Sahih At-Targhib wat-Tahzib, 1336)
  • Os livros de história islâmica estão cheios de tais acontecimentos que indicam o ascetismo em relação aos bens desse mundo dos primeiros muçulmanos que tiveram seu objetivo e sua principal preocupação de propagar a religião de Deus e transmiti-la para todas as pessoas na esperança de ganhar o que Deus prometeu ao Profeta ( s), dizendo: "Se Deus guiar por seu intermédio um só homem seria melhor para você do que os camelos vermelhos." (Bukhari e Musslim)
    Na verdade, muitos deles perderam dinheiro, relevância e autoridade por causa de seu ingresso nesta religião, quer com a rejeição da família e da tribo, ou porque ficaram ocupados com as questões de divulgação que ocuparam a maior parte de seu pensamento e seu interesse. Na batalha de Nahawand vemos o digno Sahábi An-Nu'man Ibn Muqrin al Muzni, antes do início da batalha, ele disse: “Ó Deus, concede a vitória à Sua religião, concede a vitória aos Seus servos e faça do Nu’man, hoje, o primeiro mártir. Ó Deus, peço-Lhe a tranquilidade com uma vitória que engrandeça o Islam. Tenham fé, que Allah terá misericórdia de vocês.” Será que há nisto um pedido de ambições mundanas?
    Vamos ouvir as palavras dos mensageiros do Cyrus quando eles retornaram de ‘Amr ibn al-Áas durante o cerco da Fortaleza de Babilônia. Disseram: Vimos pessoas que amam mais a morte do que a vida, a humildade mais do que a consideração, nenhum deles tem desejo nem atração por este mundo, sentam no chão, e seu príncipe é como um deles, não se sabe quem é o grande do pequeno nem o amo do escravo...
    A respeito disso, Thomas Carlyle disse em seu livro: “Os Heróis” em resposta à suspeita da propagação do Islam pela força e pela espada: "Muito tem sido dito que o Islam se propagou pela espada. A espada de fato, mas de onde veio a espada! É a força dessa religião, que é verdadeira. O novo parecer, no seu início, nasce na cabeça de um homem. No que ele acredita é único contra todo o mundo. Se ele toma uma espada, e enfrentar o mundo, ele irá se perder. Vejo, geralmente, que a verdade se propaga sozinha, de qualquer forma, como a situação exige. Vocês não acham que a Religião Cristã recorreu à espada de vez em quando? Basta analisarmos o que Carlos Magno fez aos saxões. Eu não me importo se a verdade se propaga pela espada, pela língua, ou por outro instrumento. Deixemos que as verdades sejam propagadas com discursos, ou com a imprensa, ou com fogo. Deixemos que lutem, se empenhem com as mãos, os pés e as unhas. Elas não serão derrotadas, a não ser o que merece ser derrotado.”
  • Os Princípios do Islam Rejeitam à Violência e a Crueldade:

    >

    A religião do Islam é a religião da misericórdia, da compaixão e da piedade, que recomenda a rejeição da insociabilidade e da crueldade. Ela pede para seguir o Mensageiro do Islam, a respeito do qual Deus, Exaltado Seja, diz: "Pela misericórdia de Allah, foste gentil para com eles; porém, tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti." (Alcorão Sagrado, 3:159)

    Os ensinamentos do Islam incitam misericórdia, compaixão e bondade para com todos os ​​pobres débeis. O Profeta ( s) disse: "Deus tem misericórdia dos misericordiosos. Tenham misericórdia de quem está na terra, que terão misericórdia de Quem está no Céu;" (Compilado pelo Tirmizi)

    Na verdade, a misericórdia do Islam ultrapassou os seres humanos e alcançou animais para terem uma grande parte dela. Por causa da misericórdia por esses animais irracionais e da benevolência para com eles, um homem foi perdoado pelos pecados e introduzido no Paraíso. O Profeta ( s) disse: “Conforme um homem ia percorrendo um caminho, sua sede ia-se tornando insuportável. Com a continuação da caminhada, encontrou um poço, e decidiu descer, e ali bebeu; porém, ao sair, viu um cão que arquejava e ofegava, de tanta sede que tinha, e inclusive lambia a areia. O homem disse a si mesmo: ‘Este cão está sofrendo de sede, do mesmo modo que eu sofri!’ Por isso, descendo outra vez ao poço, encheu de água o seu sapato, agarrando-o com a boca enquanto subia, e deu de beber ao cão. Deus aceitou o seu ato e perdoou-lhe as faltas.” Disseram ao Profeta: “Ó Mensageiro de Deus, acaso receberemos também alguma recompensa por tratarmos bem os animais?” Respondeu: “Para cada ser vivente haverá uma recompensa.” (Bukhari e Musslim)


    Por causa de seu abuso e falta de misericórdia e compaixão, uma mulher mereceu o ingresso no Inferno. O Profeta ( s) disse: "Uma mulher foi castigada e conduzida ao Inferno por haver prendido uma gata, até morrer. Eis que não lhe dava de comer nem de beber, nem a soltava para que pudesse alimentar-se de outros bichos.” (Compilado pelo Bukhari e Musslim)
    Há muitas orientações do nobre Profeta pedindo benevolência e bondade para muitos animais. Se esta é a misericórdia do Islam pelos animais, que dirá pelo ser humano que Deus o preferiu e honrou sobre todas as criaturas?